A Reforma Tributária é um dos temas mais debatidos no Brasil em 2025.
Com o objetivo de simplificar o sistema, reduzir a burocracia e combater a evasão fiscal, a proposta vem ganhando novos contornos e um dos conceitos que mais despertam interesse é o Split Payment.
Mas afinal, o que é esse modelo de pagamento? Como ele funciona? E de que forma ele pode impactar empresas, consumidores e o próprio governo?
Neste artigo, vamos explicar tudo o que você precisa saber sobre o Split Payment e seu papel na Reforma Tributária brasileira.
Sumário
ToggleO que é Split Payment?

O termo Split Payment, que pode ser traduzido como “pagamento dividido”, é um modelo de arrecadação tributária em que o valor dos impostos é automaticamente separado no momento em que ocorre a transação comercial.
Em vez de o comerciante receber o valor total e depois recolher o imposto, o sistema divide o pagamento:
- Uma parte vai diretamente para o vendedor (receita líquida);
- Outra parte é destinada automaticamente ao governo, correspondente ao tributo devido.
Exemplo prático
Imagine que um consumidor compre um produto no valor de R$ 100,00 com alíquota de 12% de tributos.
No modelo tradicional, o comerciante receberia os R$ 100,00 e depois recolheria os R$ 12,00 ao fisco.
Com o Split Payment, o sistema já realiza essa divisão no momento da compra:
- R$ 88,00 para o comerciante;
- R$ 12,00 direto para o governo.

Essa simples mudança tem o potencial de reduzir drasticamente a sonegação e aumentar a eficiência da arrecadação.
Como o Split Payment se relaciona com a Reforma Tributária
A Reforma Tributária brasileira busca simplificar o complexo conjunto de tributos que existe hoje, substituindo impostos como PIS, COFINS, ICMS e ISS por um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Nesse novo cenário, o Split Payment surge como uma ferramenta de modernização do sistema, integrando tecnologia e automação à cobrança de tributos.
Ele se encaixa perfeitamente no objetivo da reforma: tornar a tributação mais simples, justa e transparente.
Por que o Split Payment interessa ao governo?
Combate à evasão fiscal: impede que o comerciante deixe de repassar o imposto.
Aumento da previsibilidade de arrecadação: os tributos são recolhidos em tempo real.
Modernização do sistema tributário: integração com meios de pagamento digitais e plataformas de e-commerce.
Por que o Split Payment interessa às empresas?
Simplificação do recolhimento: menos obrigações acessórias e cálculos manuais.
Segurança jurídica: reduz erros e inconsistências na apuração dos tributos.
Transparência nas transações: facilita a gestão contábil e fiscal.

Benefícios do Split Payment
A adoção do modelo de Split Payment traz uma série de benefícios tanto para o Fisco quanto para o contribuinte. Confira os principais:
1. Redução da sonegação fiscal
Como o valor do imposto é retido automaticamente, o risco de inadimplência ou sonegação diminui significativamente.
2. Arrecadação imediata
O governo passa a receber os tributos no momento da transação, o que melhora o fluxo de caixa e a capacidade de planejamento fiscal.
3. Automatização e tecnologia
Com a integração entre sistemas de pagamento e plataformas fiscais, as empresas ganham eficiência operacional e reduzem custos administrativos.
4. Transparência e confiança
Consumidores e empresas passam a ter mais clareza sobre quanto é pago em tributos em cada transação.
Desafios e riscos do Split Payment
Apesar das vantagens, a implementação do Split Payment também traz desafios que precisam ser avaliados com cautela.
1. Adaptação tecnológica
Será necessário que empresas e instituições financeiras adaptem seus sistemas de pagamento, integrando soluções automatizadas de divisão de valores.
2. Custo de implementação
Empresas menores podem enfrentar dificuldades para arcar com os custos iniciais de adequação tecnológica e contábil.
3. Complexidade nas devoluções
Em casos de estornos, cancelamentos ou devoluções, será necessário um sistema robusto para garantir que o imposto recolhido seja corretamente reembolsado.
4. Coordenação federativa
Como o sistema tributário brasileiro é dividido entre União, Estados e Municípios, será preciso alinhar regras e competências para evitar conflitos na arrecadação.

Experiências internacionais com o Split Payment
O modelo de Split Payment já é utilizado em diversos países, principalmente na Europa.
Na Itália, por exemplo, o sistema foi implementado em 2015 para combater a evasão do IVA (Imposto sobre Valor Agregado).
Outros países, como Polônia e Romênia, também adotaram versões do modelo com resultados positivos na arrecadação e na redução de fraudes fiscais.
Essas experiências mostram que, embora o processo de adaptação seja desafiador, o Split Payment pode trazer ganhos duradouros em eficiência e segurança tributária.
O futuro do Split Payment no Brasil
A discussão sobre o Split Payment deve se intensificar com a implementação gradual da Reforma Tributária, que começa a ganhar corpo entre 2025 e 2027.
Especialistas acreditam que, com o avanço da digitalização e dos pagamentos instantâneos (como o Pix), o modelo de arrecadação automática se tornará natural e inevitável.
Além disso, o Split Payment está alinhado com tendências globais de governança fiscal digital, que unem tecnologia, transparência e eficiência administrativa.
Conclusão
O Split Payment representa uma das propostas mais inovadoras dentro do contexto da Reforma Tributária brasileira.
Ao automatizar a arrecadação e reduzir a burocracia, o modelo tem potencial para transformar profundamente a relação entre empresas, consumidores e o Fisco.
Contudo, a implementação precisa ser planejada com cuidado, garantindo infraestrutura tecnológica adequada, segurança jurídica e transição suave para todos os setores da economia.
Se bem executado, o Split Payment pode ser um divisor de águas na história tributária do Brasil promovendo um sistema mais eficiente, transparente e sustentável.
Caso tenha dúvidas sobre o tema de planejamento tributário, procure uma advocacia especializada para lhe ajudar

Neste artigo você viu:


